No âmbito da participação brasileira na Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC, na sigla em inglês) 2025, Maria Antonia Goulart, diretora do Centro de Referência em Educação Inclusiva da Fecomércio do Rio de Janeiro (SESC-RJ), realizou uma série de visitas técnicas em Xangai, focadas em tecnologias assistivas e inclusão de pessoas com deficiência. A agenda, apoiada pelo Consulado-Geral do Brasil em Xangai, evidenciou a integração da inteligência artificial (IA) e de inovações tecnológicas na reabilitação e promoção da acessibilidade, reforçando o interesse do Brasil em aprofundar a troca de experiências e boas práticas com a China.

As atividades incluíram visitas a instituições de referência. No Hospital de Reabilitação Yangzhi vinculado à Universidade Tongji, a delegação brasileira observou aplicações tecnológicas avançadas, como sistemas de trilho aéreo e robôs dedicados à recuperação motora. Também foram apresentados avanços em áreas específicas, como uma zona de hidroterapia equipada com esteira subaquática, demonstrando o potencial da tecnologia no processo reabilitativo.

A agenda seguiu com uma visita à livraria "Backlight 226", a primeira da China projetada especificamente para deficientes visuais. No local, Goulart discutiu os conceitos por trás da criação do espaço e seus elementos de design acessível, como piso podotátil e a disponibilização de impressoras braille. O acervo especializado da livraria e um projeto paralelo de cinema acessível também foram apresentados, ilustrando abordagens inovadoras para a inclusão cultural.

Outro ponto importante foi a visita a um centro de serviços à população do Partido Comunista da China voltado às pessoas com deficiência. Este local apresentou um modelo integrado de inserção no mercado de trabalho, abrangendo desde programas de qualificação profissional até consultorias multidisciplinares nas áreas jurídica e psicológica. O centro também demonstrou mecanismos estruturados de incentivo para empregadores, visando facilitar a contratação.

O último dia incluiu uma visita ao Centro Municipal de Reabilitação Infantil, focado na integração educacional de crianças e jovens com deficiência por métodos médico-pedagógicos. Em seguida, a delegação conheceu uma iniciativa social inovadora: um café operado predominantemente por jovens com autismo ou deficiência intelectual, destacando o desenvolvimento de habilidades sociais e a viabilidade de ambientes de trabalho inclusivos. Finalmente, a visita a um centro municipal de emprego especializado evidenciou seu papel crucial na intermediação entre pessoas com deficiência em busca de trabalho e potenciais empregadores.

Esta série de visitas ultrapassou o mero reconhecimento de boas práticas. Ela consolidou a importância da inclusão social como eixo central e, mais significativamente, delineou um caminho concreto para futuras colaborações bilaterais. As oportunidades identificadas são vastas, destacando-se a introdução da inteligência artificial no campo médico, tanto para análise de dados clínicos quanto para impulsionar pesquisas acadêmicas conjuntas. Igualmente promissor é o intercâmbio direto de boas práticas e modelos operacionais entre instituições de reabilitação dos dois países. A experiência em Xangai demonstrou claramente como a tecnologia, aliada a políticas sociais inovadoras, pode catalisar a inclusão, abrindo portas para uma cooperação frutífera entre Brasil e China neste campo essencial.

Fonte: Conta do Consulado Geral do Brasil em Xangai no WeChat: CGBrazilShanghai