Xangai sedia a primeira exposição retrospectiva global de Sebastião Salgado

Em 17 de julho de 2025, a primeira grande exposição retrospectiva individual do fotógrafo brasileiro Sebastião Ribeiro Salgado Júnior (1944-2025) após seu falecimento foi inaugurada no Centro de Arte Fotográfica Fotografiska Xangai. A exposição é organizada conjuntamente pela Fotografiska e pelo Museu de Imagem Contemporânea de Chengdu (CDCIM), com Jean-Luc Monterosso atuando como curador e orientador acadêmico, e conta com o apoio do Consulado Geral do Brasil em Xangai.
A exposição sistematiza a carreira criativa de quase cinquenta anos de Salgado, apresentando uma série de obras como Outras Américas (1986), Sahel: l’homme en détresse (1986), Sahel: el fin del camino (1988), Trabalhadores (1993), Migrações e Retratos (2000), Gênesis (2013) e O Cheiro de um Sonho (2015), focando em paisagens humanas, epopeias naturais e transformações sociais. Suas lentes capturam grupos negligenciados e ecossistemas ameaçados com linguagem visual solene, fundindo documentário jornalístico e humanidade, tornando-se clássicos com alto valor social e artístico. Uma obra-prima de 1973 é exibida na exposição: Salgado, usando a câmera de sua esposa Lélia, fotografou-a com os olhos fechados apoiada na janela durante uma viagem a Ruanda. Esta imagem o levou a abandonar sua carreira anterior para se dedicar à fotografia, que ele próprio descreveu como "despertar sentimentos profundos e possibilitar que imagens carreguem impacto".

Ao falar na abertura da exposição, Monterosso discutiu com Zhao Yingxin, vice-presidenta da Associação de Fotógrafas da China. Ele enfatizou que Salgado não era meramente um fotógrafo humanitário, mas "um criador focado na essência humana", cujas obras têm forte narrativa e domínio da luz, "um poeta da luz que compõe odes ao planeta". Zhao, tradutora da biografia do fotógrafo, Da minha terra à Terra, destacou que sua formação em economia sustentou projetos de longo prazo e suas experiências pessoais moldaram o cerne de seu trabalho.

A exposição apresentou depoimentos via vídeo da viúva Lélia Wanick Salgado e do filho Juliano Ribeiro Salgado. Juliano afirmou: "As obras de meu pai transmitem uma forte conexão entre o ser humano e a natureza".

Aclamado como o mais influente fotógrafo documental contemporâneo, Salgado registrou com perspicácia a fome africana dos anos 1970, ondas de industrialização global, culturas latino-americanas e maravilhas naturais primitivas. A exposição inclui duas obras chinesas: “Cena dinâmica de pessoas se exercitando ao amanhecer em Xangai” (1998) e “Um momento terno entre avô e neto trabalhando juntos em Yunnan”.

Seus renomados feitos incluem: fundação da agência independente Amazonas Images; publicação de mais de dez livros fotográficos, incluindo Gênesis; diversos prêmios e honrarias, incluindo o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes na categoria documentários; foi nomeado Embaixador da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, na sigla em inglês); recebeu diversas condecorações como Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres (França) e Medalha Presidenza della Repubblica Italiana. Na velhice, criou com a esposa uma organização ambiental para recuperação de florestas.
A exposição permanecerá até 9 de novembro de 2025, com palestras temáticas e atividades culturais.
Informações úteis:
Data: Até 9/11
Local: Fotografiska Xangai, Rua de Guangfu 127, distrito de Jing'an
Horário: Terça a domingo, 10h30–23h00 (última entrada 22h00)
Ingressos: Escaneie o código QR abaixo ou acesse o site
Fonte: Conta do Consulado Geral do Brasil em Xangai no WeChat: CGBrazilShanghai, thepaper