Filme brasileiro retrata luta feminina de um século atrás e gera ressonância internacional

No dia 18 de junho, a equipe de criação principal do filme brasileiro Cyclone, selecionado para a competição principal do prêmio Golden Goblet do 27º Festival Internacional de Cinema de Xangai, realizou um encontro. A diretora Flávia Castro compareceu ao lado das produtoras Joana Mariani e Eliane Ferreira, além de Luiza Mariani, roteirista e protagonista. Ambientado em São Paulo em 1919, o filme narra a difícil luta de "Cyclone", uma mulher da classe trabalhadora, entre a autonomia sobre seu corpo e o sonho artístico.
A produção do filme levou quase duas décadas. Conforme a produtora Eliane Ferreira, a equipe teve contato com a história real que inspirou o projeto há 20 anos — uma jovem de 19 anos esquecida pela história, que enfrentou um aborto clandestino, mas nunca abandonou seu sonho de se tornar escritora. Essa trajetória levou Luiza Mariani a adaptar a história para o cinema, com a decisão de formar uma equipe majoritariamente feminina. Ferreira destacou: "Insistimos em convidar uma diretora e produtoras mulheres para garantir uma perspectiva autêntica sobre a narrativa, e essa escolha provou-se acertada."

A diretora Flávia Castro utilizou uma linguagem visual moderna para transcender os limites da narrativa histórica. O filme adota uma estrutura de "teatro no cinema", com a protagonista sendo uma dramaturga, e filmado no Teatro Municipal de São Paulo. Castro explicou: "O teatro havia acabado de ser inaugurado em 1919, quando a história se passa, mas o filme não é somente uma reconstituição histórica. Incorporamos elementos visuais contemporâneos e um design minimalista para criar uma conexão emocional com o público atual." A atriz Mariani ressaltou que buscou preservar na personagem "a persistência em seguir seu sonho": "Mesmo em um ambiente cheio de negações, ela nunca parou de avançar."

Após a estreia mundial no dia 17 de junho, a equipe percebeu uma forte ressonância entre espectadores de diferentes nacionalidades. Joana Mariani citou o feedback do público chinês: "O filme não reflete somente a realidade brasileira, mas também amplifica as vozes das mulheres em todo o mundo." Ferreira complementou: "As histórias das mulheres precisam ser vistas e ouvidas — essa é uma necessidade universal que transcende fronteiras."
Críticos destacaram a abordagem profunda das dificuldades enfrentadas pela protagonista, especialmente a opressão de classe, a negação da autonomia corporal e a repressão à criatividade. A resistência da personagem diante de um aborto ilegal, a luta pelo direito à autoria e a fusão entre técnicas cinematográficas modernas e narrativa histórica foram amplamente elogiadas. As análises apontam que o filme, com uma abordagem contida, mas impactante, retrata a determinação feminina em romper as amarras sociais, destacando o tema da "opressão feminina" que provoca uma identificação que interliga épocas e culturas. A atuação da protagonista foi amplamente aclamada por transmitir com precisão tanto o trauma físico quanto o psicológico, enquanto a trilha sonora foi reconhecida como um elemento crucial para externalizar o espaço mental da personagem.
Fonte: Festival Internacional de Cinema de Xangai